As empresas de 'junk food' deveriam estar patrocinando grandes eventos esportivos?

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Aug 09, 2023

As empresas de 'junk food' deveriam estar patrocinando grandes eventos esportivos?

O evento que muitos de nós esperamos nos últimos 4 anos está finalmente

O evento que muitos de nós esperamos nos últimos 4 anos finalmente chegou. Sim, a Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil está acontecendo neste exato momento. É hora de cada país se unir como um para apoiar seu time de futebol. E por sua vez vem o aumento do consumo de junk food e bebida.

Uma pesquisa da Webloyalty – uma organização de pesquisa do consumidor – prevê que, no Reino Unido, as pessoas gastarão cerca de £ 271 milhões (US$ 459 milhões) em alimentos e bebidas para a Copa do Mundo.

É muito improvável que escolhas saudáveis ​​de alimentos e bebidas sejam incluídas neste gasto. Na primeira semana da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, por exemplo, as vendas de salgadinhos cresceram 10% no Reino Unido e as de chocolates cresceram 37%, em comparação com a mesma semana do ano anterior.

E parece que esse padrão ocorre durante a maioria dos grandes eventos esportivos. Durante as Olimpíadas de Londres 2012, as vendas de bebidas açucaradas aumentaram 10% em valor e 8% em volume, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Mas por que consumimos mais junk food e bebidas não saudáveis ​​durante esses eventos?

De acordo com especialistas em saúde pública, os patrocinadores de grandes eventos esportivos são um fator contribuinte. Para a Copa do Mundo deste ano, os parceiros da FIFA incluem a gigante dos refrigerantes Coca-Cola, enquanto seus patrocinadores incluem a empresa de fast-food McDonald's e a cervejaria Budweiser.

De fato, o McDonald's é patrocinador oficial da Copa do Mundo desde 1994, enquanto a Coca-Cola tem parceria com a FIFA para o evento desde 1978. A empresa de refrigerantes mantém parceria com as Olimpíadas há mais tempo - desde 1928 - e para Londres 2012 Olimpíadas, a empresa de chocolate Cadbury até entrou na onda como patrocinadora.

Em recente carta publicada no The Lancet, Thiago Hérick de Sá, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo no Brasil, diz que esses patrocinadores "representam um ataque direto" aos esforços mundiais para reduzir o consumo de alimentos não saudáveis e beber, a fim de combater as crescentes taxas de obesidade.

Desde 1980, as taxas de obesidade em todo o mundo quase dobraram. Em 2008, mais de 1,4 bilhão de adultos estavam acima do peso ou obesos. Em 2012, mais de 40 milhões de crianças menores de 5 anos estavam com sobrepeso ou obesas.

Esses números têm causado preocupação mundial, levando autoridades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) a lançar campanhas com o objetivo de reduzir os índices de obesidade. Especificamente, a OMS estabeleceu uma meta para parar o aumento mundial da obesidade até 2025.

Mas como exatamente os patrocinadores de fast-food e bebidas açucaradas de grandes eventos esportivos estão atrapalhando os esforços de saúde pública?

"O objetivo básico de qualquer empresa é vender seus produtos ou serviços e lucrar", disse de Sá ao Medical News Today. "O patrocínio de grandes eventos esportivos [por empresas de fast-food e bebidas açucaradas] faz parte da estratégia de marketing da empresa para atingir esse objetivo, para incentivar as pessoas, inclusive crianças, a consumir mais de seus produtos."

E parece que essas empresas não hesitam em direcionar suas estratégias de marketing para as crianças. Por exemplo, o McDonald's lançou o "McDonald's GOL!" aplicativo de smartphone para a Copa do Mundo deste ano. Um cliente pode simplesmente segurar seu smartphone em uma das 12 caixas de fritura especialmente projetadas para baixar o aplicativo, que permite que eles joguem uma partida de futebol.

Além disso, a gigante do fast-food organizou uma competição que ofereceu a 1.408 crianças de 6 a 10 anos de 69 países a oportunidade de entrar em campo de mãos dadas com seus ídolos do futebol durante um jogo da Copa do Mundo.

No Reino Unido, a Coca-Cola está realizando uma promoção "Ganhe uma Bola" durante a Copa do Mundo, onde cada compra de uma garrafa de Coca-Cola ou Coca-Cola Zero dá ao consumidor a chance de ganhar uma entre um milhão de bolas de futebol da Coca-Cola.

Além das estratégias de marketing citadas, certamente não há como evitar a presença das empresas em eventos esportivos, pois suas logomarcas costumam cobrir banners e iluminar as arenas. Durante a Copa do Mundo de 2010, aproximadamente 3,2 bilhões de pessoas em todo o mundo assistiram à cobertura televisiva do evento por pelo menos 1 minuto, o que representa muita exposição para os patrocinadores.